Diesel vai aumentar mais de 6%, diz sindicato de postos de SP


 Enquanto a Petrobras diz que o reajuste de 6% no preço do diesel nas refinarias vai representar um impacto final de 4% ao consumidor nos postos de combustível, o sindicato do setor no Estado de São Paulo discorda do número.

"Que vai aumentar mais de 6%, ninguém tem dúvida disso", diz José Alberto Paiva Gouveia, presidente do Sincopetro (sindicato dos postos do Estado de São Paulo). "Nós não temos mais condição de absorver mais nada de reajuste nos postos. O que vier de aumento da distribuidora, nós vamos repassar".

Gouveia diz que o aumento de 6% na base, na refinaria, se torna maior ao longo da cadeia de distribuição do combustível. "Em cima desse valor tem toda a carga de impostos, como PIS/Cofins e ICMS, por exemplo."

Questionado sobre quanto seria o valor do repasse ao consumidor, o presidente do Sincopetro não diz determinar um valor. "Nós temos de ver o preço que vai chegar na distribuidora antes."

Ele se disse surpreso com o 2º aumento do preço do diesel em menos de um mês.

Apesar de não concordar com o reajuste, ele vê lógica na atitude da Petrobras. "Ela absorve a defasagem do preço há três ou quatro anos. Chega um momento em que ou ela repassa o valor, ou vai ter problema de caixa".

Para Gouveia, o problema é simples. "A Petrobras compra mais caro o combustível lá fora para vender mais barato. Em qualquer empresa que se preze não é assim que se trabalha".

A estatal disse, em nota, que o aumento foi definido "levando em consideração a política de preços da companhia", que busca "alinhar o preço dos derivados aos valores praticados no mercado internacional".

DEFASAGEM INTERNACIONAL

Antes do reajuste, estudo do Centro Brasileiro de Infraestrutura divulgado na quinta apontou que a defasagem de preço do diesel vendido pela Petrobras em relação às refinarias dos EUA chegava a 23%. No caso da gasolina, a defasagem é de 14,7%.

Os dados foram calculados com base na cotação do petróleo e do câmbio de ontem.

"A defasagem do diesel é o grande problema da Petrobras, maior mesmo que o problema da gasolina", disse o diretor do centro, Adriano Pires. "A economia do Brasil é movida a diesel."

IMPORTÂNCIA DO COMBUSTÍVEL

O diesel é o produto com maior participação no faturamento da Petrobras: cerca de 27% da receita total da estatal, segundo a corretora Planner.

Para atender à crescente demanda interna por combustíveis, a companhia importa combustível --tanto diesel quanto gasolina-- pelo preço internacional e revende a preços mais baixos no país.

De acordo com a corretora, o prejuízo chega a R$ 17,4 bilhões por ano. "Estimamos ainda que esta perda de receita tenha um impacto de R$ 2,4 bilhões no lucro líquido por ano da companhia", disse a Planner.

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